A neurociência do ciúme

By on agosto 6, 2017 in Neuromundo with 0 Comments

Gosto de temas polêmicos, gosto mais ainda de descobrir a ciência por traz de temas polêmicos. Taí um tema que me entristece: Ciúme.

Não me considero uma pessoa ciumenta, muito pelo contrário, acho que deveria até ter um pouco pois acabo desencanando demais e isso gera margem pra a pessoa fazer algo. Sinceramente, acho que se a pessoa quer fazer algo, ela fará, tendo eu ciúme dela ou não.

Enfim, a questão por ter decidido falar sobre esse tema é que hoje vejo muitos casais com um potencial enorme de construir um relacionamento lindo se destruindo por conta de ciúme da parte de um deles.

O ciúme existe em outras espécie como pássaros, babuínos e leões-marinhos, não é uma característica só nossa. Nos seres humanos, é um mecanismo de preservação da espécie. No cérebro, o ciúme aparece numa pequena área do lobo-frontal.

De fato, analisando pelo aspecto evolutivo, o ciúme realmente tem raízes neurobiológicas. Nos homens primitivos, o ciúme acontecia pela preocupação da mulher ter relações sexuais com outro homem. Issoacontecia pois o homem primitivo não tinha como saber a real paternidade de sua prole, portanto, o ciúme garantia que seus recursos fossem preservados. Já nas mulheres primitivas, o ciúme acontecia quando os homens criavam um vínculo afetivo com outras mulheres, isso se dava devido ao fato delas terem que cuidar da prole durante muito tempo e, caso o companheiro tivesse afeto por outra mulher; deixaria de cuidar da prole e trazer recursos para a família.

Ironicamente parece que não mudamos muito desde então. Infelizmente, nossa cultura alimenta que o ciúme é prova de amor e associa o sentimento à demonstração de afeto pelo outro.

O maior problema do ciúme é que muitas vezes ele é acompanhado de comportamentos compulsivos sustentados pela ilusão de que é possível controlar o que o parceiro faz ou sente. Infelizmente essas preocupações chegam a causar efeitos físicos. O ideal é buscar ajuda terapêutica.

É importante compreender que condicionar a própria felicidade e bem-estar ao parceiro é um comportamento auto-destrutivo, de raízes mais profundas que a paixão ou o amor que se acredita sentir. Relacionamentos saudáveis consistem em respeitar e valorizar a individualidade, tanto do outro como a própria.

Finalizo com uma frase de um texto muito legal que uma grande amiga, Deneli Rodriguez, escreveu. Para ler o texto dela completo, clique aqui:

“O natural da vida é que ela se transforme. Vivenciamos situações novas o tempo todo que nos fazem alterar nossas ideias, gostos e preferências. Assim também é com o outro. Exigir que o outro sempre se identifique com nós e nos priorize, não faz o menor sentido quando sabemos disso. Gostar de verdade é deixar o outro escolher estar com quem e onde quiser, ainda que não seja com você.”

 

 

 

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About the Author

About the Author: É Neurocientista, Palestrante, Yoguini, Influenciadora Digital e Produtora de eventos na Círculo Produções (http://www.circuloproducoes.com). Já foi Dj, dona de loja, garçonete, assistente de cobrança, vendedora, professora de universidade, webdesigner, fotógrafa, especialista em logística de piloto e dona de Club. Ama a música, o cérebro, o universo, a ciência e escrever. .

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