A Neurociência do Amor – Parte 1 – A Paixão

By on julho 1, 2018 in Neuromundo with 1 Comment

“Embora eu tenha te visto um só momento,
Logo minha voz foi silenciada.
Sim, minha língua ficou enfraquecida
E sob a minha pele correu latejando um fogo impalpável.”

Safo

Definitivamente, uma sensação bizarra, de repente tudo fica mais colorido. As pessoas parecem mais bonitas, os dias fluem com alegria. Cada atividade é realizada com mais vontade. É, você está apaixonado.

Esse é o primeiro estágio do amor. A paixão é aquela sensação louca que sentimos e não sabemos explicar, aquela euforia, aquele tormento seguido das noites de insônia e dos dias inquietos.

O primeiro aspecto dramático dessa condição é seu início, o momento em que outra pessoa começa a assumir um significado especial. Depois começa aquele padrão de pensamento invasivo, onde pensamentos sobre a pessoa começam a invadir nossas mentes.

A paixão pode ser desencadeada por três principais fatores:

-O olfato
-Mapas Amorosos
-O mistério

Cada pessoa tem um cheiro diferente, tão característico como o tom de voz. Quando recém nascidos, podemos reconhecer nossa mãe por seu cheiro. São muitas as criaturas que utilizam o cheiro para seduzir. Os odores masculino e feminino podem provocar fortes reações físicas e psicológicas e o olfato, diferente dos outros sentidos, é sentido diretamente pelo seu córtex correspondente, chegando muito mais rápido no sistema límbico (nosso sistema mais primitivo e emocional), por isso que podemos recordar do cheiro da pessoa amada mesmo quando estamos longe dela.

Muito antes de darmos preferência a uma pessoa ou outra, já  desenvolvemos um mapa mental de circuitos cerebrais que determina o que desperta nossa sexualidade, o que nos leva a nos apaixonarmos por uma pessoa e não por outra. Esses mapas são desenvolvidos muito cedo, na nossa infância e são determinados pelos relacionamentos com a família, amigos, assim como nossas experiências e oportunidades.

O mistério também é muito importante para o amor romântico, certo distanciamento é necessário pois, em geral, às pessoas não se apaixonam por alguém que conhecem bem. A curiosidade é muito importante nesse estágio, é a famosa fase do jogo de poder.

Esse violento distúrbio emocional que chamamos de paixão pode começar com uma pequena molécula chamada FEA, uma substância que provoca as sensações de exaltação, alegria e euforia, além dela,  temos também bastante atividade da Serotonina, o neurotransmissor do prazer, da Dopamina e da Nora Adrenalina, que provocam a euforia, ansiedade e medo.

Essa loucura, esse envolvimento, essa atração, essa paixão, esse êxtase são características universais da espécie humana, presente em todas culturas conhecidas e também em algumas outras espécies, principalmente na época do acasalamento.

A paixão porém acaba, alguns estudos indicam que a paixão dura em média de 18 meses a 3 anos. O cérebro não pode manter eternamente a exaltação do amor romântico, principalmente uma vez em que se começa a encontrar a pessoa regularmente. É daí que surge o afeto, mas isso fica para outro texto.

Os amantes do romantismo podem achar minhas palavras um pouco brutas, mas acho a natureza simplesmente fantástica. É o amor que fez a vida evoluir até o homo sapiens, é o amor que nos move, é o amor que nos une. E a paixão é o início de tudo isso.

 

Referência:

Fisher, Helen E., Anatomia do Amor: A história natural da monogamia, do adultério e do divórcio/ tradução Magda Lopes, Maria Carbajal. – Rio de Janeiro: Eureka, 1995.

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About the Author

About the Author: É Neurocientista, Palestrante, Yoguini, Influenciadora Digital e Produtora de eventos na Círculo Produções (http://www.circuloproducoes.com). Já foi Dj, dona de loja, garçonete, assistente de cobrança, vendedora, professora de universidade, webdesigner, fotógrafa, especialista em logística de piloto e dona de Club. Ama a música, o cérebro, o universo, a ciência e escrever. .

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