Manager – Herói ou Vilão?

By on agosto 29, 2012 in Neurobusiness with 1 Comment

Semana passada li um post muito bacana sobre o papel do DJ dentro do cenário da música atual, e isso me fez pensar um pouco mais sobre a indústria do entretenimento da música eletrônica no Brasil.

São muitos os artigos que criticam ou enfatizam a profissão DJ hoje em dia, a maioria critica o fato de muitas celebridades ou “pseudo” celebridades terem se transformado em djs e ocuparem espaço de djs profissionais que trabalharam muito para se consolidar no mercado. Mas a pergunta que sempre me faço é a seguinte: Será que a maior culpa desse cenário é dos djs?

É certo que tanto a popularidade da profissão DJ quanto a facilidade tecnológica são fatores imprecindiveis para isso ocorrer, mas ao meu ver há também alguns outros vilões nessa história, os bookers e managers e os promoters e organizadores de eventos.

Não se pode dizer que a música eletrônica é culturalmente brasileira, nossas Raízes vem do samba, da MPB e da música sertaneja; porém, vale lembrar que fomos colonizados por Europeus, portanto, a cultura européia sempre nos influenciou de uma forma ou de outra.

Também é certo dizer que a cultura da música eletrônica, que nasceu com o intuito de ser underground, popularizou devido a atenção da mídia e massificação ($$$) musical, mas essa supervalorização de djs internacionais x desvalorização de artistas nacionais que acontece no Brasil é realmente absurda e totalmente ilógica.

Basicamente o que acontece é que para um vendedor (a grande maioria), pouco importa o que se está vendendo e sim a comissão a receber no fim do mês.

Por que então dedicar-se ao artista nacional que vai lhe render apenas alguns trocados uma vez que o internacional lhe renderá dinheiro para o ano inteiro com apenas uma venda? Por que dedicar-se `aquele artista que faz mixagens perfeitas e tem um feeling de pista incrível, se o modelo da capa da revista x, que mal sabe ligar o equipamento vai render muito mais?

Para a maioria dos vendedores, com raras exceções, o que vale são as cifras. Já ouvi managers dizerem que selecionam o repertório para seu artista tocar, pois o mesmo não sabe nada de música. Já ouvi de djs celebridades que o que querem é tocar e ganhar dinheiro e que não tem o mínimo interesse em melhorar sua técnica ou ter algum conhecimento musical.

E ai volto a me perguntar, será que a culpa é mesmo da pessoa ou celebridade que resolveu virar DJ e ganhar um dinheiro fácil, ou do vendedor que está por traz dele e vê uma oportunidade de melhorar de vida?

O site Porra dj publica inúmeros exemplos de como está o mercado hoje em dia.

Os vendedores alegam que fazem isso pois seus compradores não tem interesse na qualidade do DJ como musicista em si, mas no valor agregado ao seu nome; ou seja, para eles, como o comprador precisa de um DJ que encha sua casa, nada melhor do que vender um produto (isso mesmo, produto da feira) que acabou de sair da Globo ou da capa da playboy (um exemplo).

Para os promoters e organizadores de evento (a maioria, não são todos), o argumento é sempre o mesmo: “Ah! Esse DJ é bom, mas não tem nome”. Quando me falam isso eu sempre digo que quem faz o nome de um DJ num evento é o promoter e não vice-versa. O medo de tomar prejuízo é muito grande para arriscar levar um DJ de qualidade uma vez que se sabe seguramente que a capa da playboy gerará lucro.

Conforme dito por Gabriel Lucas, hoje em dia, o que importa é o evento em si, ou seja o conjunto todo e não necessariamente o DJ, isso acontece justamente pelo fato da imagem ter se tornado mais importante que a música (triste porém verdade) e quanto mais se desvaloriza a música, mais há de reiventar para encher um evento. Projetos mirabolantes com 100 integrantes, máscaras, robôs, telões com projeções 20D,  shows de strip, tanta imaginação para chegar na hora da apresentação e tocar a mesma musica que toca na rádio todos os dias.

É importante frisar que quanto mais se move pelo lucro e não pela qualidade, mais o público buscará outra forma de entretenimento onde haja novidade e qualidade sonora e isso é constantemente trabalhado na música sertaneja.

O ideal seria uma união entre djs, bookers e managers para um melhor entendimento e valorização não só do verdadeiro DJ e produtor de qualidade que vive no Brasil mas também das condições de contratação precárias que há nesse mercado; porém, a briga do “quem ganha mais” e do “quem é mais” é tão grande que infelizmente isso nunca irá acontecer.

Referências:

http://porra.dj

http://www.mixmag.net/words/news/has-david-guetta-been-caught-faking-it

http://factoide.com.br/2012/08/21/o-dj-morreu-viva-o-dj-consideracoes-sobre-as-mudancas-do-papel-do-dj-dentro-do-cenario-da-musica-atual/

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About the Author: É Neurocientista, Palestrante, Yoguini, Influenciadora Digital e Produtora de eventos na Círculo Produções (http://www.circuloproducoes.com). Já foi Dj, dona de loja, garçonete, assistente de cobrança, vendedora, professora de universidade, webdesigner, fotógrafa, especialista em logística de piloto e dona de Club. Ama a música, o cérebro, o universo, a ciência e escrever. .

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  1. ricky disse:

    muito bom seus posts, obrigado, e , se possivel me siga no instagram rickypaesdj

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