Pink Floyd e o lado escuro da Lua
Esse álbum é muito controverso. Em 1997 surgiu um boato de que ocorreriam algumas correspondências entre o filme de 1939 “The Wizard of Oz” (O Mágico de Oz no Brasil) e o álbum quando tocados simultaneamente. A banda insiste que isso é pura coincidência.
Quer as correspondências sejam verdadeiras ou imaginadas, alguns fãs do álbum gostam de ver “Dark side of the rainbow”, como é chamada muitas vezes esta combinação. Confira o vídeo abaixo e tire suas próprias conclusões.
Com uma produção impecável e uma musicalidade atemporal aliadas ao fascínio exercido por seus temas centrais – alienação, paranóia, loucura, guerra e morte – a obra prima “The Dark Side of the Moon”, contada por seus próprios autores Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason, Richard Wright e o engenheiro de som Alan Parsons foi o marco da transformação do Pink Floyd em 1973, banda de rock britânica formada na Inglaterra em 1965.
Munidos de metas em comum e trabalho em conjunto, o álbum se tornou um prisma de muitas idéias e muitas canções reunidas em um só disco, mantendo-se no topo das paradas por 750 semanas. Guiados musicalmente por certo compromisso emocional que a música incita por si, cada faixa ressalta vividez, impressões sensoriais únicas, sensibilidade de informações relativas ao tempo, assim como realidade nas gravações.
O álbum cria um tipo de ilusão perceptiva e faz com que nosso cérebro busque estrutura e ordem a uma seqüência de sons. Há sempre algo inesperado na organização das faixas, o que torna a música emocionalmente diferente e não robotizada.
Conforme ressaltado por Roger Waters – responsável por todas as letras assim como pelo “conceito” básico do álbum: “Quando você está apresentando algo forçado, ele se desenvolve e muda”. Desta maneira, fluida e livre acontece a expressão de empatia política, filosófica e humanitária do “The Dark Side of the Moon”.
A própria capa do álbum, demonstra a idéia de refração e transformação, representado por um prisma dispersivo, o qual tem a função de separar a luz em suas cores de espectro, pois o índice de refração depende da frequência. A luz branca entra no prisma e produz uma mistura de diferentes frequências, cada uma refractada levemente diferente.
Uma multiplicidade de ecos que jamais aconteceriam na vida real são ordenados sistematicamente em ressonância a toda a refração que cada faixa reflete, muito bem inseridos por Alan Parsons, que mescla sua arte nas composições com delays ao dar mais vida e reverberações, com alguns cortes em momentos muito bem planejados e assim conseguir aguçar a expectativa do que virá ao conduzir os cérebros ouvintes e decodificantes ao nada .
Os reflexos finais desta viagem ao “lado escuro da lua”, assim como a escolha de uma faixa a ser ouvida, não há como deixar de ressaltar a sensacional participação sincrônica da cantora Clare Torry, convidada ocasionalmente por Alan Person a fazer um vocal. Clare foi direcionada a improvisar apenas com a frase: “pense na morte, no horror, qualquer coisa… vá lá e cante”.
Em um breve improviso durante a mixagem e de maneira bem humilde e tímida, Clare se desculpou por ter feito algo que julgava não estar adequado, embora em unanimidade, todos os integrantes não somente aprovaram, como se impressionaram com a fluidez do vocal de acordo com a proposta geral. Um trabalho incrível de Richard Wright após sentar-se no piano e iniciar os dois primeiros acordes, assim inserindo-os também no órgão, juntamente com a guitarra de Gilmour, refletiu a 10° faixa, “The Great Gig in the Sky”.
Os últimos segundos do álbum dizem tudo, conforme ilustrado por Garry: “não há lado escuro da lua, ela é toda escura. A única coisa que a faz parecer iluminada é o sol”.
Autor: Glaucia Vicentin / Edição: Mariana Verzaro