A Neurociência da Solidão
Com o isolamento social forçado devido a pandemia do coronavírus, muitos de nós estão sentindo uma imensa solidão. Alguns, mesmo estando com suas famílias se sentem assim. Interação social é algo básico para nossa espécie e, não poder interagir presencialmente, abraçar e mesmo trocar algumas poucas palavras pode trazer ansiedade e stress. Mas voltar-se aos vídeo games, netflix e lives musicais realmente ajuda?
Pessoas solitárias têm um foco mais negativo e examinam ansiosamente as intenções das pessoas. Às vezes, isso pode se tornar tão forte que nos faz sentir ainda mais solitários criando um ciclo vicioso.
Quando nos sentimos sozinhos e rejeitados, regiões do cérebro associadas a angústia e a ruminação são ativadas. Isso acontece devido à evolução, que nos levou a estabelecer e manter conexões sociais para garantir a sobrevivência.
A solidão é reconhecida há algum tempo como uma ameaça significativa à saúde física e mental e é preditiva de mortalidade.
Então, o que podemos fazer em relação à solidão e ao isolamento?
Quando passamos um tempo de qualidade com outra pessoa, experimentamos uma alegria intrínseca. Os estudos no cérebro mostram que regiões subcorticais, como o núcleo estriado ventral, que desempenha um papel importante na motivação, são ativadas ao receber recompensas monetárias e sociais.
Estudos sugerem que as intervenções mais bem-sucedidas são aquelas que encontram maneiras de lidar com o pensamento distorcido que a solidão cria. Portanto, se você estiver se sentindo sozinho, tente identificar pensamentos negativos automáticos, como supor que as pessoas não querem notícias suas, e reformulá-los como hipóteses e não como fatos.
Outra revisão recente da literatura descobriu que direcionar estratégias de enfrentamento também pode ser benéfico. Abordagens como ingressar em um grupo de apoio para remover os sentimentos de solidão funcionam particularmente bem. Estratégias de enfrentamento baseadas na emoção, como diminuir as expectativas sobre os relacionamentos, não foram tão eficazes.
As mídias sociais são frequentemente difamadas no discurso público. Mas muitas pessoas que se auto-isolam agora contam com ferramentas sociais online. Um aspecto importante que falta nas mensagens instantâneas e nas plataformas de mídia social como Facebook, Instagram e Twitter, no entanto, é a sugestão não verbal – como um sorriso, gesto ou olhar. Isso nos permite avaliar o tom e o contexto de um encontro social. Quando essas informações estão ausentes, percebemos menos as sugestões amigáveis dos outros.
Embora as ferramentas on-line possam ser úteis durante períodos de isolamento, a incorporação e a presença social ainda estão ausentes. Mas existem maneiras de aumentar as recompensas da comunicação online. Um estudo usou a realidade aumentada para permitir que duas pessoas interagissem com as imagens de bate-papo por vídeo e eles relataram um maior senso de presença social e uma experiência mais envolvente. Da mesma forma, participar de atividades compartilhadas beneficia a formação de um relacionamento próximo com os outros. Portanto, um quiz virtual de pub ou uma live podem ser particularmente valiosas durante o bloqueio.
O isolamento nos “força” a confrontar a nós mesmos, também nos “força” a conviver com alguns familiares que geralmente evitamos, mesmo que inconscientemente. Sim, não é fácil, porém é o momento ideal para aprender a conviver com as diferenças, é muito fácil olhar uma flor e amá-la, ela não está ali, no nosso dia a dia falando de suas angústias, de suas alegrias e afins. Aprender a lidar com o outro, aprender a lidar com nós mesmos, olhar para as nossas sombras certamente trará lições que vão nos transformar para sempre, portanto, vamos fazer o possível para aproveitar a jornada, seguir em frente e manter em mente que nada, absolutamente nada é para sempre.
Referências:
. https://theconversation.com/the-neuroscience-of-loneliness-and-how-technology-is-helping-us-136093
. https://www.tandfonlineencurtador.com.br/sNPU1
. https://ieeexplore.ieee.org/abstract/document/6297568
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