A Neurociência da Memória
A memória é a forma como vivemos o tempo. É ela que nos faz reconhecer quem somos, o que fazemos e, às vezes, é ela que nos prende em coisas que deveríamos deixar para trás.
Na mitologia grega, Tempo (Cronos) e Memória (Mnemosine) são irmãos, o que evidencia uma forte correspondência entre eles.
Mnenosine é a filha da Terra (Gaia) e mãe das musas junto com Zeus, musas do canto e da poesia. Inspiradoras das artes!
Ela sabe tudo aquilo que foi, tudo aquilo que é, tudo aquilo que será.
Na neurociência, não é um processo isolado que acontece e pronto.
A memória é o processo no qual o conhecimento, adquirido pelo aprendizado é codificado, armazenado, consolidado e evocado. Ela pode ser dividida entre memória de curto e longo prazo e memória operacional.
A codificação refere-se ao processamento das informações que serão armazenadas. A armazenagem, também chamada de retenção ou conservação, é o processo que envolve o fortalecimento das representações enquanto estão sendo registradas e a sua reconstrução ao longo da sua utilização e da entrada de novas informações. Finalmente, a recuperação ou repescagem é o processo de lembrança da informação anteriormente armazenada. O resgate pode utilizar uma busca consciente das informações ou ainda ser evocado de maneira não consciente através de associações dependentes do contexto, ativação por semelhança ou por necessidades.
A capacidade de armazenar a informação depende da memória de curto prazo, já escrevi um texto sobre um caso de amnésia severa da memória aqui no blog, Clive Wearing não consegue recordar de nada após 30 segundos. Pretendo escrever sobre cada tipo de memória e também sobre outros transtornos causados por ela em outros textos.
Enfim, essa informação é convertida ou não para a memória de longo prazo e, a partir daí, dividida entre os córtices correspondentes. Por exemplo, quando recordamos de algo, cada informação sobre esse algo é armazenado em um local diferente do cérebro, o cheiro em um, a cor em outro etc etc..
O processo é modular e dividido em categorias, como num computador mesmo.
A memória não é um requisito fiel de todos os detalhes da experiência, pode ser modificada ao longo do tempo e pode se adaptar ao ambiente físico e social. A psicóloga americana Elisabeth Loftus tem trabalhando muito sobre o tema, estudando a falsificação da memória nas pessoas. Sim, é possível criar uma memória falsa numa pessoa, mas isso fica pra outro texto.
Entender e saber utilizar aquilo que a memória nos oferece para o nosso bem é um dos maiores desafios da vida.
Sem a memória, a consciência fica restrita a um único ponto no tempo.
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