A Música e a Impermanência – Parte 1
Anicca (traduzido do páli, “impermanência”. Lê-se /anit-txá/.[1] ) é um dos conceitos essenciais para a descrição do universo segundo o budismo (junto com dukkha e anatta, compõe as três marcas da existência). Diz respeito à constante mutação de todas as coisas que compõe o universo.
Compreender a impermanência é de extrema importância dentro do contexto budista. Assim como as quatro nobres verdades são reconhecidas por todas as escolas budistas, a impermanência é um ensinamento presente em todas as linhagens.
Ganhamos consciência das constantes mudanças em nosso meio ambiente, desde os tempos pré-históricos até o período que a história registra. As mudanças são contínuas. Dia a dia, uma estação corre para a próxima. O dia vira noite, a noite, dia. Prédios não ficam velhos de repente; na realidade, a cada segundo, desde o momento em que foram construídos, começam a deteriorar.
Causas e condições variam constantemente e o seu resultado, portanto, também varia. A aquisição desse conhecimento dentro da tradição budista estaria ligada a correta percepção da realidade.
Na música não poderia ser diferente, os estilos musicais mudam de tempos em tempos, porém, por que cada vez parecem mudar mais rapidamente?
As mudanças tecnológicas e sociais aumentam proporcionalmente de acordo com a maneira que os seres humanos trocam informações. Ou seja, a medida que nossa maneira de se comunicar se torna mais rápida, o conhecimento se espalha incrivelmente mais rápido, proporcionando com que as pessoas possam consolidar e avançar com novas idéias e novas maneiras de como vemos e interagimos com o mundo.
Gosto de ver a rede de comunicação dos seres humanos como uma rede neuronal, onde não só uma sinapse leva informação à outra em questão de milésimos de segundos, como também depende e responde conforme às informações que recebem.
Acredito que um dia nossa forma de comunicação chegará à essa mesma velocidade (alguns processos do nosso corpo já o fazem, mas não temos consciência deles), fazendo com que demos um grande passo evolutivo. O que será da música quando chegarmos lá?
O importante é entender que os estilos musicais não mudam somente per se, mas dependem e se inspiram nos estilos antigos para mudar. Sim, há muita cópia terrível por aí mas também, inspirações de arrepiar!
Impermanência/Impermanence from Windhorse online on Vimeo.
Referências:
Sensacional, muito bom o seu texto.
Parabens!!