A Evolução do Autocontrole

O autocontrole é um esforço de auto-domínio sobre nossos comportamentos que requer certa energia do cérebro. Muitas vezes chamada de força de vontade, o autocontrole é capaz de nos garantir um melhor gerenciamento sobre nossos objetivos.
É uma capacidade extremamente necessária e importante nos dias atuais, sem ele, como conseguiríamos colocar em primeiro lugar às necessidades da comunidade, como por exemplo ficar em isolamento e fazer a quarentena? Provavelmente focaríamos nos nossos prazeres e benefícios imediatos e além de prejudicar os outros, não cresceríamos nem nos desenvolveríamos como espécie. Mas, qual será a origem dessa habilidade?
O autocontrole não é algo exclusivo dos seres humanos. Porém, muitas das nossas características modernas como cooperação, cuidado aos vulneráveis e a própria vida em sociedade foram conquistadas graças a ele. Portanto, certamente o autocontrole desempenhou um importante papel em nossa evolução.
Um estudo realizado na Universidade de York, conduzido pela Dra Penny Spikins e pelo aluno de Doutorado James Green procurou demonstrar, através de evidências arqueológicas, a origem do autocontrole na nossa espécie.

O estudo demonstra que nossos ancestrais começaram a desenvolver habilidades para produzir ferramentas mais elaboradas por volta de 500.000 anos atrás. Nele, destaca-se uma coleção de machados de mão de 500.000 anos desenterrados de uma pedreira na vila de Boxgrove, em West Sussex. Seus eixos, altamente simétricos e elaborados, sugerem uma mão de obra cuidadosa, com conhecimento e habilidade acumulados ao longo da vida. Esses avanços no artesanato sugerem que os indivíduos possuíam características que demonstram autocontrole significativo, como à tolerância a frustração e a concentração.
Essas ferramentas mais sofisticadas começam a aparecer na mesma época em que nossos ancestrais hominídeos desenvolviam cérebros muito maiores.
O estudo também procurou replicar os machados descobertos. Foram 16 horas de prática para produzir uma ferramenta semelhante. O principal autor do estudo, James Green, estudante de doutorado do Departamento de Arqueologia da Universidade de York, acrescentou: “Ao decifrar os processos mentais e físicos envolvidos na produção de artefatos pré-históricos, podemos obter informações valiosas sobre as habilidades dos indivíduos que os fizeram.”
Essas ferramentas demonstram aprendizado social e atividade de esforço direcionada para aprimorar as habilidades, características que podem estar relacionadas ao autocontrole, como o investimento de tempo e energia em algo que não produz recompensa imediata, planejamento de futuro e um nível de tolerância à frustração por concluir uma tarefa minuciosa, também fornecem algumas das primeiras evidências de que algo foi deliberadamente feito em uma sequência a partir de uma imagem na mente de alguém.
Referências:
. https://www.tandfonline.com/eprint/QSZ6NDUU7V4CPNEMGKNM/full?target=10.1080/1751696X.2020.1747246